A Rafa é uma lição de coragem e determinação para todos nós. Sou suspeito para falar, afinal, sou pai.
No entanto, essa opinião não é somente minha. Seus professores dizem que ela tem uma autoestima muito grande e sempre dá a volta por cima, encontrando formas para superar suas dificuldades.
Desenhar era uma forma de lidar com a morte da mãe
Quando ela perdeu a mãe aos 5 anos de idade, encontrou uma forma de aliviar sua tristeza: desenhar muito, muito mesmo. Desenhava no carro, no caminho da escola, desenhava em um pedacinho de papel que encontrava na mesa, no meu bloco de notas.
A mãe, representada na forma de estrela amarela com um sorriso, sempre fazia parte dos desenhos, até no meio de dinossauros a estrelinha aparecia.
Primeira vez no Encontro com Fátima Bernardes
A Rafa estava com seis anos de idade quando fomos convidados a participar do programa Encontro Com Fátima Bernardes. Antes de entrarmos ao vivo, conversou bastante com a Fátima Bernardes. Ficaram amigas 🙂 , mas na hora de entrar ao vivo, entrou em pânico e saiu correndo para fora do estúdio. Tudo na frente das câmeras, ao vivo!!!
“Todo mundo viu eu fugindo, pai”
Ficou muita envergonhada com o que acontecera. “Todo mundo viu eu fugindo, pai”, disse chorando. Por muito tempo ela ficou chateada com isso.
Certo dia, pediu para voltar ao programa. Pensei: “caramba, vou ter que passar por tudo isso de novo”. Não é fácil ficar em um palco, na frente das câmeras e falar para todo o Brasil sobre os meus sentimentos sobre a morte da mãe. Mas, se é por uma boa causa, vamos lá!
Enviei um email para a produção do programa e expliquei a situação: “a Rafaela ficou muito chateada porque saiu correndo e quer voltar ao programa para falar com a Fátima Bernardes”. Foi uma mensagem simples assim. E não é que eles me ligaram e deram um jeito para a Rafa voltar??!!!
Segunda vez no programa: superação do luto em frente às câmeras
Eu e a Rafaela, agora com 7 anos de idade, voltamos ao programa Encontro Com Fátima Bernardes.
A tensão foi grande. Será que ela vai sair correndo de novo? Vai ficar muda? Chorar desesperada?
A Fátima fazia sinal de positivo para a Rafa lá do palco, e a Rafa fazia o sinal de volta para dizer que estava tudo bem.
CHEGOU A NOSSA VEZ! Sorriso no rosto, pernas tremendo e a Rafinha segurando a minha mão com toda força.
A Rafa pegou o microfone e FALOU, NOSSA COMO FALOU!! Falou muito, falou confiante, determinada a dar a volta por cima e não sair correndo.
Eu? Ao contrário da Rafa, chorei muito e com vontade de sair correndo.
Assista aos vídeos do programa Encontro com Fátima Bernardes
Fátima Bernardes 2016 – A Rafinha saiu correndo
Fátima Bernardes 2017 – A superação do luto
“Superação” talvez não seja a palavra certa
Afinal, o que seria superar o luto? É quando a dor vai embora e a saudade fica? É quando aceitamos a perda de um ente querido? Ou, ainda, quando nos adaptamos a nova vida sem a pessoa que amamos?
Como uma mãe pode superar a perda de um filho? Como um filho, ainda criança, supera a perda da mãe ou do pai? Acredito que “superação do luto“ não é o termo adequado. Acho que não superamos, mas nos adaptamos a uma nova vida sem a pessoa que amamos.
O luto é uma mistura de sentimentos tão complexos que a ciência não consegue explicar. Não pode ser comparado, por exemplo, à superação física de um atleta que, ao recuperar-se de uma lesão muscular, ganha uma medalha na olimpíada.
O luto é uma tristeza tão profunda que para descrevê-la a chamamos de “dor”, portanto, “superação” não é a palavra mais apropriada.
@paiviuvo só deixa saudades quem foi e continua sendo Amor. E é lindo ver vocês dois nesse apoio recíproco, ao qual dou o nome de Amor!!!
Obrigado, Mariah
Que lindos vocês!!! Sempre leio o blog, mas nunca comento. Admiro sua força e determinação.
Obrigado. A Rafa que me inspira e me ensina a ser determinado.